SUPLENTO >> Correio dos Açores – O Cabo que nos liga ao mundo

Suplemento da edição de aniversário do jornal Correio dos Açores, publicado na edição de 1 de Maio de 2024 

A ilha do Faial fez parte da epopeia dos cabos submarinos que nos finais do séc. XIX e durante a primeira metade do séc. XX, constituíram um dos maiores acontecimentos da Humanidade, no dizer dos cronistas da época, que marcou de forma irreversível, o ritmo da civilização ocidental.

 A 27 de agosto de 1893, a família real desloca-se a Carcavelos para proceder à inauguração da ligação do cabo telegráfico entre Lisboa e os Açores, passando a partir desta data “a mãe pátria a estar ligada por um vinculo quase tão íntimo como o pensamento”.

 O cabo chega aos Açores 23 anos após a sua chegada a Portugal Continental (1870), 20 anos após a chegada à Madeira (1873), 19 anos a Cabo Verde (1874), 14 a Moçambique (1879) e 8 a Angola, Guiné e S. Tomé e Príncipe (1885), através da complexa, extensa e multifacetada rede de cabos das empresas inglesas.

 Portugal, através de uma política conturbada de “perdedor ganhador”, concedeu o exclusivo de exploração das comunicações por cabo aos ingleses, bem assim o direito de subcontratar, tendo como contrapartida a obrigação de interligarem as ilhas através do cabo submarino, libertando-as do seu congénito e ancestral isolamento, o que em boa verdade nunca se chegou a concretizar na sua plenitude uma vez que as Flores e Corvo ficaram fora deste objetivo.